Adrià Tormo: a arte da abstração geométrica

Para Adrià Tormo, a ilustração é uma maneira de dar forma ao que ainda não existe. Sob o nome de Tormius, o artista espanhol mistura geometria e abstração em ilustrações vetoriais arrojadas feitas no Affinity. Nesta entrevista, ele reflete sobre suas influências, seu processo criativo e os desafios de construir uma carreira artística.

Conte-nos um pouco sobre você e como começou a trabalhar como artista visual.

Eu sou Adrià Tormo, o artista por trás do Tormius. Nasci em Xàtiva, uma cidade no interior de Valência, e vivi aqui toda a minha vida, perto do Mar Mediterrâneo. Desde a infância, como a maioria das crianças, eu tinha impulsos criativos, mas foi só quando comecei a estudar design gráfico que comecei a me moldar como artista visual, usando referências e aprendendo com o mundo do design e da arte. Enquanto estudava, o conceito do Tormius nasceu em minha mente, e foi então que eu soube que queria dedicar minha vida a isso.

O que inspira seu trabalho?

Meu trabalho é inspirado em muitas fontes diferentes. Kandinsky foi o primeiro artista a me impressionar de uma forma completamente diferente - ele me fez perceber que havia outras maneiras de criar arte além da abordagem tradicional. Eu uso muitas referências de movimentos clássicos, como De Stijl e o Formismo Polonês e, ultimamente, tenho me inspirado muito nos desenhos de Dalí e Picasso, especialmente na Suíte Vollard de Picasso e nas litografias dos Excessos Pantagruélicos de Dalí. Dependendo da peça que quero criar e do estilo que preciso dar a ela, eu me inspiro em uma ou outra influência. Ter referências de apoio é essencial. Elas ajudam você a comunicar sua mensagem com mais clareza, especialmente quando você olha para aqueles que já expressaram suas ideias de forma magistral.

Como você desenvolveu seu estilo geométrico?

Nunca fui bom em desenhos tradicionais, por isso sempre procurei maneiras diferentes de me expressar. Nunca abandonei os fundamentos do desenho. Eu os estudo para poder quebrar as regras depois de conhecê-las, mas, para mim, esses fundamentos são as formas geométricas. Quando começo a desenhá-las, minha mente muda imediatamente para um plano geométrico e começo a deformar antes mesmo de terminar a formação. A geometria e as possibilidades que ela traz me inspiram: linhas desconectadas, formas impossíveis, os resultados infinitos que ela oferece - que são realmente a base de tudo. Visualmente, eu me sinto muito mais atraído por trabalhos geométricos e abstratos. Acredito que há uma dimensão totalmente nova a ser explorada, algo mais atraente para o olho humano quando você se afasta da linearidade e do que os olhos já conhecem. Em meu trabalho, tento interpretar o que ainda não existe.

Fale-nos sobre seu processo criativo. Como você transforma suas ideias em obras de arte completas?

Meu processo criativo é um pouco caótico, no sentido de que quase nunca começo com um conceito em mente. São as linhas que falam comigo e me dizem o que elas querem se tornar. Com uma tela em branco, começo a desenhar linhas e formas aleatórias e, à medida que elas evoluem, revelam o que querem ser. É nesse momento que eu começo a ver o que vou criar.

Se eu precisar fazer uma peça com um tema definido, geralmente faço muitos esboços diferentes até que surjam as linhas abstratas que dizem: "ei, eu quero ser esse conceito." Eu sei que parece loucura, hahaha.

No momento, também estou trilhando um caminho para a pintura digital, sem usar vetores, o que abre uma nova direção e outro recurso para eu trabalhar. Eu vou usar isso junto com meu trabalho vetorial, mantendo os vetores como uma ferramenta para projetos que exigem precisão.

Como você escolhe as paletas de cores para suas ilustrações?

A escolha da paleta de cores é provavelmente a parte mais complexa, porque é aí que tudo se junta. Mesmo se você tiver um esboço forte e uma arte de linha limpa, a peça perderá muito de sua força se as cores não funcionarem. Tive que aprender muito sobre cores, e ainda tenho muito a aprender.

Em geral, não uso aplicativos ou paletas prontas. Prefiro agrupar as cores que acho que ficam bem juntas e aplicá-las a olho nu. Ainda assim, acredito que isso é algo que você deve levar muito a sério e nunca parar de aprender. Por isso, estou sempre adicionando novos recursos e tentando melhorar a cada peça.

Você tem usado o Affinity desde os primeiros dias. Qual foi a primeira coisa que o impressionou no aplicativo e por que você continua a usá-lo?

Eu adoro o Affinity! Desde o início, há mais de oito anos, quando eu estava estudando design gráfico, ele era a minha referência para todos os projetos da faculdade, e eu me apaixonei por ele. Sua simplicidade e o fato de eu poder adquiri-lo sem me preocupar com uma assinatura fizeram dele a escolha perfeita. Até hoje, eu ainda o uso porque me sinto em casa. Não apenas porque estou acostumado a ele, mas também porque confio na Affinity. A empresa sempre foi transparente. Com atualizações gratuitas constantes e a forma como a equipe trata os usuários, você realmente se sente valorizado e apreciado como cliente.

Você tem algum recurso favorito?

Adoro o recurso de cores globais. Poder ajustar toda uma paleta de cores em tempo real para obter o acabamento desejado, sem precisar refazer tudo do zero, é incrível. Também sou um grande fã da Ferramenta Contornar e do Estúdio de Fatias, que me pouparam muito tempo!

Existe alguma obra sua da qual você tenha um orgulho especial? Poderia nos falar sobre isso?

Uma das peças de que mais me orgulho é Witness, que há alguns anos foi exibida nas telas gigantes da Times Square, em Nova York. Witness representa uma cena geométrica e abstrata em que eu queria transmitir a sensação de estar sendo observado, por meio dos muitos olhos que ela contém. Desde então, os olhos se tornaram um elemento característico do meu estilo. A peça também reflete a evolução do meu trabalho e como eu me esforcei gradualmente para criar mais complexidade em minha arte.

Outra peça da qual tenho um orgulho especial é Ethereal Hare. Graças, em parte, a esse trabalho artístico, consegui recentemente fechar um contrato com meu primeiro grande cliente internacional!

Na sua opinião, qual foi o maior desafio que você enfrentou como artista digital?

Para mim, a exposição ainda é um desafio. Sou uma pessoa reservada e nunca compartilhei muita coisa nas redes sociais, nem mesmo na minha adolescência. Muitas vezes, tenho dificuldade para postar porque não quero ser irritante e, na maioria das vezes, simplesmente me esqueço de "criar conteúdo" fora do meu trabalho artístico.

Que conselho você daria a um artista que está começando?

Faça experiências com coisas diferentes, explore e divirta-se. Não tenha medo de fracassar. Se algo não funcionar, deixe para lá e passe para o próximo projeto. Crie uma marca pessoal sólida e consistente. Os conceitos de marca são reais e incrivelmente úteis.

Cuide do seu site e das suas redes sociais. Mantenha-os atualizados, limpos e fáceis de usar. Dê a eles a importância que merecem, pois eles são seus "agentes pessoais", trabalhando para você mesmo quando você está ocupado em outro lugar. É daí que virão muitas de suas oportunidades.

Se você escolher esse caminho e for realmente o que você ama, vá com tudo!

Por fim, onde você gostaria de se ver daqui a cinco anos? O que você gostaria de ter realizado?

Cinco anos parecem um período curto quando você pensa em longo prazo. Acho que a melhor resposta seja que eu gostaria de ser mais feliz. Hoje em dia, por si só, isso já parece uma expectativa muito grande.

Quando você dedica tempo e amor a alguma coisa, os resultados aparecem. Nos próximos anos, continuarei dedicando meu tempo e amor ao Tormius, que não é mais apenas um projeto, mas minha vida. O que quer que eu alcance e onde quer que eu vá parar serão reflexos diretos do esforço que fiz.

Descubra mais sobre o mundo criativo de Adrià em tormius.com e conecte-se com ele no Instagram e no Twitter para acompanhar seus trabalhos mais recentes.